domingo, 5 de julho de 2015

Trilha do Ouro, Serra da Bocaina - 04 a 08/06/2015


Para variar um pouco, tudo começou em alguma outra trilha que não lembro haha. O Adilson comentou algumas vezes sobre a trilha do ouro, que fez uma vez e gostaria de fazer todos os anos.

Demonstrei interesse logo de cara e depois de pesquisar na internet eu avisei que iria e nisso começou a coisa mais difícil e gratificante que já fiz na vida.

A trilha do Ouro é um caminho histórico, construído por escravos para levar o contrabando de ouro, utilizando mulas, até Parati. Existem outros caminhos do ouro com a mesma finalidade, mas este é o mais famoso. São em torno de 50km desde o inicio do parque até o centro da cidade que pegaremos o ônibus até Parati.

Trilha do ouro

O Parque da Serra da Bocaina não cobra entrada, mas é preciso enviar por e-mail os dados com nome, cpf e identidade. Eles controlam o número de pessoas que entram e por isso recomendo solicitar com antecedência.

A programação seria sair bem cedo na quinta e terminar a trilha no domingo. No final da trilha andar uns km para pegar ônibus até Parati e de lá outro até SP.

Com tudo programado e acertado fiz o deposito com o dinheiro da Van que nós deixaria na entrada do parque (R$ 50,00), do dinheiro das refeições de almoço e jantar (R$ 35,00) e passei mais dados para a pessoa que se prontificou a envia-los para o parque. Também comprei minha passagem saindo de Parati as 17:40 (R$ 53,00).

Como podem ver acima foi uma trip muito barata porque o Adilson organiza por que gosta e não ganha um centavo por isso.

Com as coisas pagas comecei meu checklist (provavelmente vou esquecer de mencionar algo):

  • Saco de dormir
  • Segunda pele
  • Repelente e protetor solar
  • Kit primeiros socorros: Remédios para febre, dor de barriga, esparadrapo, mertiolate, gaze, tesoura, Dorflex, Salompas, etc.
  • Kit higiene: Sabão de coco, cotonete, desodorante, papel higiênico.
  • 2 Meias de trilha e mais 1 normal
  • Comida para café da manha e lanches*
  • Um Cantil, uma garrafa de água de 500 ml e Hisdrosteril para purificar água caso a fonte fosse suspeita.
  • Maquina fotográfica a prova de água e um carregador portátil para recarrega-la.
  • A barraca eu fiquei de dividir com a Caty
  • Suco em pó para as refeições
  • 3 Achocolatados de 200ml para café da manhã
  • Bastão de caminhada (essencial, pois alivia muito o joelho e ajuda no apoio nas partes escorregadias)
  • Joelheiras para ajudar meus joelhos que já sofrem com meu sobrepeso :D
* Sobre a comida eu recomendo calcular o que se vai comer realmente em cada dia, é bom levar um pouco a mais, mas são 50km de trilha com mochila cargueira nas costas e com isso cada kg a mais conta e muito. Uma boa formula é dividir em porções o que irá comer e beber no café da manhã assim da para ter uma ideia do que é o necessário e do que é exagero. Outro detalhe é que começamos a trilha em torno de 1500m de altura e terminamos próximo de 50m, então seu joelho sofre e por isso quanto menso peso, melhor.

Com tudo pronto, acordei super cedo e fui ao encontro do grupo na estação de metro combinada as 06:00 da manhã.

O Parque da Serra da Bocaina fica na cidade de São José do Barreiro. De van foi bem tranquilo chegar na cidade, e de lá são uns 26km em estrada de barro subindo até a entrada do parque. Pela janela da van já deu para perceber como o local é muito bonito.



Na entrada do parque fomos mostrar os documentos, assinar lá em um livro deles e começamos a jornada em torno do meio dia :D

 


O começo da trilha é super tranquilo e pela programação seguimos até a cachoeira Isidoro, onde daríamos um mergulho e almoçaríamos.

Logo no começo da trilha passamos por um ponto em que precisamos tirar a bota para atravessar pela água e percebemos que estava MUITO gelada haha. Acredito que estava em torno de 10ºC e no primeiro contato chega até doer um pouco os pés haha.



Essa parte da trilha segue por uma estrada de barro e pegamos uma trilha para descer até a cachoeira Isidoro. 



Nem preciso dizer que a vista é fantástica e mesmo com água super gelada eu decidi que daria um mergulho de qualquer jeito.

A água estava muito gelada e chegava a doer os pés, mas depois de um tempo eles ficaram um pouco dormentes hehe. Apenas alguns bravos decidiram que valia a pena dar um mergulho e apreciar mais de perto a cachoeira.



Almoçamos e seguimos de volta para a trilha e para minha tristeza teríamos se subir o caminho que fizemos para descer até a cachoeira. Não é um caminho longo, mas é bem inclinado e basicamente uma escada e dei umas 4 paradas para recuperar o fôlego.

Saímos umas 15h da cachoeira Isidoro e chegamos no local onde acamparíamos umas 17h. Acampamos estrategicamente perto da cachoeira das poses, pois a intenção seria acordar, tomar café da manhã, curtir e a cachoeira e voltar para desmontar barraca e seguir o caminho.



Montei junto com a Caty a barraca, ajudei a coletar a água do rango e ficamos conversando enquanto o Adilson preparava a jantar com ajuda da Edi. 

A Edi ainda teve de cuidar a Gih, que começou a ter bolhas nós pés, o que fez com que o resto da trilha fosse bastante dolorida para ela.

Depois de uma noite fria, com uma bela lua cheia acordei cedo, e fui escovar os dentes e lavar o rosto. 



Tomamos café da manha e fomos até a bela cachoeira das Posses. 



Lá estava tudo tranquilo e perfeito até que a Kelly deslocou um ombro quando foi tirar uma foto.

O que aconteceu é que ela já havia deslocado o ombro anos antes e ao levantar o braço na hora da foto sentiu muita dor e caiu. No reflexo alguém segurou ela pelo braço e isto fez com que saísse do lugar.

Ela tomou remédios para dor e a Edi (enfermeira) e a Nice (tem curso de primeiros socorros) tentaram colocar no lugar, mas como a Kelly estava com muita dor elas desistiram e o Huan e o Leandro foram correndo até a entrada do parque pedir ajuda.

Eles correram mais de 6km até a entrada do parque e conseguiram ajuda de um visitante que foi com a caminhonete dele até onde estávamos acampados. O Leandro seguiu com a Kelly para o pronto socorro e com isso a trilha estava encerrada para eles :(

Foi algo bem triste, mas é algo que pode acontecer a qualquer um. Sorte que estávamos no começo da trilha e o Leandro e o Huan foram guerreiros para conseguir pedir ajuda indo rápido até a entrada do parque.

Desmontamos o acampamento em torno das 12:40 e seguimos a trilha até o local que almoçaríamos. Essa parte da trilha é bem mais longa e mais pesada, pois tem varias subidas. Para compensar a vista é fantástica e seguimos até a parada do almoço na Pousada/Camping Barreirinha.



Chegamos na pousada Barreirinha as 16:25 para almoçar, descansar e seguir até o local que acamparíamos. Lá algumas pessoas tomaram banho quente. A água passa via serpentina por dentro de um fogão a lenha e eles cobram R$ 15,00 que todos que tomaram falam que valeu muito a pena. Eu decidi que tomaria banho antes de dormir, no local do camping.

Saímos umas 18:25 e já estava noite. Pela programação inicial, não faríamos essa parte da trilha a noite, mas como houve o acidente, nosso cronograma mudou e mesmo sendo mais perigoso fazer trilha a noite, foi divertido.

Essa parte da trilha segue por estrada, então é sossegado e só complica nas partes que tem lama. Mesmo com lua cheia o céu estava super estrelado e era uma visão belíssima.


Andamos por algumas horas e como estava escuro quase passamos do local do camping. Por sorte um cara que estava acampado viu nossas lanternas e sinalizou e atravessamos o rio até o camping. A travessia é feita em uma 'caixa' presa por cabos de aço e é bem divertido mesmo a noite.



Tomei meu banho, frio porque já estava tarde e o fogo do fogão a lenha estava apagado. Mesmo frio, foi o melhor banho de minha vida. Estava super cansado, sujo e com a região dos ombros doendo por causa do peso da cargueira.

Depois do jantar, batemos um papo e eu devo ter ido dormir lá pelas 01:00 da manhã.

Acordei e fui dar uma volta pela Pausada/Camping e vi que era um local bastante bonito.



Depois de tomar café da manhã, fomos na cachoeira dos veadeiros, considerada a mais bonita da região. Para chegar lá tivemos de passar pela caixa novamente e atravessar uma ponte improvisada mais a frente :D




De lá voltamos para almoçar e seguimos para o final da trilha em torno das 15:20 e foi por isso que o perrengue começou. Vimos vários grupos saindo cedo e pelo que eu já tinha lido essa era a parte final da trilha, onde chegaríamos na estrada (final da trilha) e de lá restaria 15km até o centro da cidade mais próxima onde, pegaríamos o ônibus até Parati.

A ideia seria ir até onde desse e acampar, só que esta parte final da trilha é em mata fechada e não há onde acampar. O caminho também é delicado, pois é onde se passa quase exclusivamente pelo calçamento original de pedra feito pelos escravos, que requer muito cuidado para evitar um escorregão com um tornozelo torcido.

Logo quando começou a escurecer, meu humor foi indo embora e o que era diversão passou a ser tensão e depois de umas 10 horas de trilha com pouquíssimas paradas para descanso chegamos no final da trilha, onde achamos um lugar para acampar. Estava tão tenso e preocupado que nem pensava na parada para o descanso, só queria andar para completar a trilha.




Todos estavam acabados, montamos as barracas e quase fui dormir sem jantar.

Eu não recomendo que ninguém faça esta parte da trilha a noite, o caminho é de pedra, mas a mata é fechada e encontramos um cobra, muitas aranhas e uma lacraia. Outro problema é que ninguém faz essa trilha a noite então em um acidente nenhum grupo passaria pela gente até o outro dia.

Nesta parte final da trilha, são em torno de 10km de trilha chata e nem imagino a loucura de quem faz essa trilha no verão, pois com chuva deve virar um rio, aumentando muito o perigo.

Depois de jantar, fomos dormir e como é um acampamento improvisado e não tivemos muito tempo, algumas pedras, embaixo da barraca, incomodaram durante o sono.

Depois de acordamos tomar banho no rio, comer e desfazer o acampamento seguimos os 15km até o bairro Perequê em Angra.



Saímos tarde, em torno de 11 e por isso tivemos de seguir em um ritmo bom, sem muito descanso para chegarmos na praça central do bairro Pirequê as 14:40.



Chegamos esgotados, pés e perna doendo e a região entro ombro e pescoço doendo MUITO. Fui no bar na praça, comprei uma guaraná de 2 litros, uma cerveja e fui descansar um pouco.

Informaram que o ônibus que vai deli direto até Parati poderia demorar, pois era domingo e ninguém sabia informar que horas ele podia passar. Eu e Caty precisávamos chegar cedo lá, pois ela tinha uma carona de um pessoal que foi para Praia do Sono e eu precisava pegar meu ônibus as 17:40.



A opção mais sensata seria pegar um ônibus até a avenida e de lá pegar o que nós levaria até Parati, mas algumas pessoas não queriam pagar os R$ 3,10 e depois de esperar muito, eu e Caty decidimos nos despedir do pessoal e seguirmos sozinhos.

O ônibus chegou rápido na estrada e logo depois passou o ônibus que leva até Paraty. Chegamos em Paraty bem em cima da hora dom eu ônibus e a Caty já havia perdido a carona dela. Como o Leandro não tinha cancelado a passagem dele, tentamos ver se a Caty conseguia embarcar, mas a passagem é nominal e como ele não cancelou, a vaga não pode ser repassada.

Por muita sorte tinha uma vaga no ônibus e ela conseguiu a passagem. Com menso de 20 minutos para o ônibus sair, enquanto ela foi no banheiro eu fui comprar pastel e caldo de cana para o nosso jantar haha.

Comemos na porta do ônibus como dois ogros e entramos para seguir viagem. O ônibus chegou no terminal Tietê, as 23:30 pouco depois da meia noite cheguei em casa, acabado fisicamente, mas renovado pela aventura.

tLoxas!



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